segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Tesouro Emprestado

Narra antiga lenda que um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos. Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados. A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha á mente: como dar ao esposo a triste notícia?
Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca temia que não suportasse tamanha comoção.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.
Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar. Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.
Alguns minutos depois estavam ambos sentados á mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: deixe os filhos. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
o marido, já um pouco preocupado perguntou: o que aconteceu? Notei você abatida! Fale!
Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.
- Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo!
- O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
- Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?
- É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!
- Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.
- Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!
E o rabi respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
- Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
- Pois bem, meu querido, seja falta a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito.
- As jóias preciosas eram nossos filhos.
- Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram. O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.
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Hoje o Burro precisa muito escutar a música “Segura na Mão de Deus”, o coração a pertado, um nó na garganta, uma saudade enorme, lembranças de um sorriso lindo...
“Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai, se as tristezas desta vida quiserem te sufocar, segura na mão de Deus e vai...
Tivemos que devolver um tesouro ao Pai, um sobrinho, tão jovem, uma dessas fatalidades da vida que deixa a gente sem chão...
Menino novo, vinte e poucos anos, que estava tomando remédios controlados e foi ao um bar com a noiva e amigos e bebeu cerveja, passou mal, e tomou outros remédios por conta própria para passar os sintomas. Foi levado para o hospital, mas acabou tendo uma parada cardíaca...
Devolver esses tesouros para o Pai é dificil demais, sempre ficam os porquê, sempre fica a vontade de desfrutar da presença por mais um tempão...
O amor é sem tamanho!!!
Mas temos que agradecer ao Pai pelo tempo que tivemos juntos, por aquele sorriso lindo, pela pessoa prestativa e humilde que ele sempre foi...
As lições dessa história acima são as seguintes:
- Nada material nessa vida nos pertence: pessoas, coisas, cargo... Somos usufrutuários, e como tudo que é emprestado, vai chegar o dia da devolução, e cabe a nós dizer aqui está Senhor.
- Os entes queridos são jóias preciosas que o Criador nos confia a fim de que as ajudemos a burilar-se. E vamos aproveitar a oportunidade dada para amar o máximo possível e ajudar na evolução espiritual dos nossos companheiros de encarnação.
- Que possamos devolver os tesouros emprestados em melhor estado do que quando nos foi confiado. Que ele retorne ao Pai tendo aprendido os ensinamentos do Nosso Irmão Maior, e praticado na oportunidade apresentada. Que ele retorne com o seu coração puro, com exemplos de amor, fé, caridade...
A dor vai passar e como é bom cantar e sentir que “Segurar na Mão de Deus” nos traz a paz que tanto precisamos...

6 comentários:

  1. O minha querida! Nossos sentimentos estão coma sua família! Não sei o que falar nestas horas, por isso prefiro orar para vc e sua família. Que Deus os acalme, conforte e dê-lhes força! Bjos carinhosos

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  2. Olá, vi que você me adicionou no blogblogs e resolvi fazer uma visita.
    A história tem muito a nos contar, e realmente, nosso espírito é apenas emprestado para o corpo, para aprendermos a ser melhores.

    Com essa reflexão, gostaria de deixar meu blog e site, caso precise de alguma imagem para postar em seu blog, lhe enviarei via e-mail com muita alegria.

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  3. Muito bom seu texto, serve como reflexão também pra vida, pra não nos limitarmos a viver em pequenas vidas, temos de ter ciencia que a vida é algo tão grande que não é controlavel.Abração

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  4. Meus filhos são os meus maiores tesouros.

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  5. Querida.
    Está fazendo um mês que seu sobrinho faleceu.
    Imagino que não é fácil e que somente com a certeza de que Deus está no controle é que somos capazes de superar tamanha dor.
    Um abraço carinhoso para você e sua família

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